Don't worry, be happy! João Emílio S. C. Almeida


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Volvo P1800 o carro do «Santo»


Recontrução do motor B18B

Junho - Outubro 2002

Pouco depois de comprar o meu PV544, fui a um encontro do CPVV com dois carros. Normalmente os eventos organizados pelo CPVV estão limitados a 30 carros; como levei dois - era o único participante com mais do que um carro - tinha uma percentagem importante do total de presenças.

Infelizmente, acabou por ser uma má ideia. O P1800, conduzido por um amigo, que levou a namorada, acabou por não chegar ao destino. O colector de escape que se tinha partido num outro passeio (a 10 de Maço de 2002, com os meus primos) tinha sido substituído na véspera. Foi uma luta conseguir um (que veio da Suécia e demorou dois meses). O mecânico (Salgado) bem que me avisou que o motor não estava em grande estado e que dificilmente resistiria a uma viagem de 400 km. Não quis acreditar no me disse. Mas ele tinha razão.

A 25 de Maio de 2002, partimos em direcção a Óbidos. É uma povoação medieval, cuidadosamente conservada, em que os carros ficam à porta, fora das muralhas que protegem o núcleo central. Enquanto conduzia o PV544, com a família, o meu amigo levou o P 1800. Era o passeio mais longo com o "Marreco", por isso ia com alguma preocupação, sem saber como se iria comportar. O velocímetro chegou a marcar os 140 km, sem se notar qualquer problema, mantendo o conforto e a segurança. Mas naquele dia o destino tinha marcado o P1800.

Os problemas começaram quando começou a sair fumo branco do radiador, ao fim de 200 km. Esperamos 30 minutos, para arrefecer, acrescentamos água ao radiador, e partimos outra vez. Mas continuava a aquecer e a sair fumo. Pensei que fosse o radiador furado ou a perder água no circuito de refrigeração. Mas o motor começou a fazer barulhos pouco agradáveis e paramos na A8, bem perto do destino.

Lá tivemos de chamar o reboque, que demorou duas horas. Entretanto fui levar a família ao almoço, e andei para trás e para a frente com o PV544 que provou estar à altura. O passeio, esse, ficou estragado. Acabamos por perder as visitas e nem uma foto do evento tirei.

Regressamos pela nacional EN1, calmamente, todos os seis no PV544, que nos trouxe a casa sem problemas de maior.

Entretanto o P1800 foi rebocado para as Caldas da Rainha e só na terça-feira seguinte é que veio para o Porto. Foi para a garagem do Salgado, que não estranhou o ocorrido.

A saga estava ainda no início. Salgado é um bom mecânico, mas que trabalha noutra oficina e faz uns "biscates" em casa depois do trabalho e aos sábados. Por isso, a reconstrução do motor estava destinada a demorar.

Só a 17 de Junho é que o motor foi desmontado. Estava em mau estado, como se pode ver pelas fotos. Sabe-se lá quantos quilómetros não teria em cima! A 20 de Junho chegou o primeiro conjunto de peças da Volvo. Entretanto, o Salgado tinha outros trabalhos e o tempo foi passando.

Até de 20 de Julho nada foi feito. As fotos que se seguem foram tiradas nessa data. Nesse dia, Salgado deu-me uma lista das peças que não conseguia arranjar.

Salgado no meio Partes do motor, com a cambota em primeiro plano
Bloco com ferrugem! outra vista

A 20 de Agosto, Salgado mostrou-me um tubo completamente cheio de ferrugem. Não o conseguimos localizar no manual de peças. Assim, tirei umas fotos e coloquei um SOS no P1800 Listers Group http://groups.yahoo.com/group/1800list/message/30051. Tive várias respostas: 30054, 30055, 30057, 30073, 30133. 

Tratava-se da peça ref.418628 (water return pipe) não disponível. Verifiquei o GCP, vários fornecedores de peças dos EUA e nada! Entretanto, o meu bom amigo Hans Ghijs (que tem uma casa de Turismo Rural www.casaonascerdosol.com) antigo director do Belgium Volvo Owners Club, falou com amigos na Bélgica e conseguiu não um mas dois tubos! Entretanto, o Salgado já tinha mandado fazer um à mão, num torneiro mecânico, assim fiquei com os restantes na minha colecção particular de peças Volvo.

Setembro foi um mês com algumas evoluções, mas o tempo foi passando e com pouco progresso. Algumas outras peças foram necessárias e com dificuldades várias na sua obtenção. Por exemplo a tinta vermelha para pintar o bloco, que veio da Suécia (com um preço escandaloso).

Hans voltou a ser de uma ajuda imprescindível, ao obter mais peças da Bélgica. Desta feita, os expansores do bloco.

E finalmente em 14 de Setembro, o motor foi finalmente montado.

Salagdo (esquerda) com os seus ajudantes e o tubo feito à mão

Salgado admira o seu trabalho

Entretanto, faltava o radiador que foi reconstruído noutro local. Quando chegou, a 28 de Setembro, apareceu mais um problema: o colector de escape, o tal novo que tinha vindo da Suécia antes de o motor falhar, partiu-se num canto (fotos).

Nesta altura já eu estava desesperado. Os meses passavam, o carro nunca mais estava pronto, tinha perdido o Verão sem andar com ele e o colector de escape tinha demorado dois meses a vir, tinha sido uma outra saga. E não existia substituto em lado algum. Assim, quando vi o colector no local, soldado e o motor a funcionar, nem  queria acreditar! Desta vez, o Salgado tinha deitado mãos à obra e dedicou-se quase integralmente ao carro, até terminar o trabalho.

A 5 de Outubro o motor já estava operacional. Já tinha trabalhado uns dias, e estava impecável. No entanto, quando ía buscar o carro, a embraiagem falhou. O servofreio falhou e era preciso substituí-lo. Os tubos de ligação em cobre também estavam corroídos e era preciso um conjunto novo. Em cobre.

Salgado conseguiu resolver o problema sozinho. Não sei como nem onde mandou refazer as peças e a 9 de Outubro já estava a embraiagem como nova Mas o motor ainda precisva de afinação, e estava a trabalhar em ponto morto.

Só a 12 de Outubro, debaixo de chuva forte, cinco meses depois, é que o pude levar finalmente para casa, para a garagem!

motor pronto e a funcionar

brilhando de novo, ao fim de 38 anos|

colector de escape soldado no lugar

Novo servofreio da embraiagem

Feliz da vida, com um novo "coração",  dei início a um novo capítulo, dedicando-me à melhoria de outras partes do carro, uma tarefa sem fim.

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